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Test-drive Honda Fit EXL

Honda Fit EXL: ou, se preferir, “a idade da razão”.

Logo no início do meu trabalho na equipe do Garagem SE, um dos primeiros carros que tive a oportunidade de testar foi o Honda Fit em sua versão EXL 2020. Dá para dizer que tenho uma relação razoavelmente próxima com o “hatch-meio-minivan” da Honda. Afinal, há um na minha família, e nos anos que trabalho como jornalista automotivo, tive a oportunidade testar a atual geração por outras duas vezes: no seu lançamento, em 2014, e posteriormente em 2015. E, mais do que nunca, dá para falar que o carrinho da Honda chegou naquilo que definiria como “idade da razão”.

Câmbio CVT ajuda na condução mais econômica, e agora conta com opção de trocas manuais

Em 2020, ele está indo para seu 6º ano nesta terceira geração, lançada em 2014 no país. E se tem uma coisa que dá para falar, é que a (matur)idade fez bem a ele. Itens de série e/ou opcionais foram sendo agregados com o tempo (a exemplo da central multimídia) e até pontos que antes geravam reclamação foram sendo corrigidos (como a possibilidade de trocas manuais no câmbio CVT, por exemplo).

O design recebeu atualizações que ajudaram a mantê-lo jovem. Detalhes como o conjunto óptico em LED na versão EXL, bem como a grade e os para-choques redesenhados deram um ar de novidade ao hatch. As rodas de 16 polegadas e acabamento diamantado também dão um charme a mais nas linhas.

Rodas aro 16 deixam visual do hatch mais agressivo

Racional

Se tem uma palavra que encaixa como uma luva no modelo, é “razão”. Como disse lá no começo, apesar de teoricamente ser um hatch, o Fit tem muito de minivan, o que o coloca – como falei num dos vídeos – como um carro sem um segmento exato. E isso se torna um trunfo! A ótima ergonomia interna, como também a praticidade que ele tem (haja porta-treco no interior!) e a possibilidade de modularidade dos bancos são ideais para quem tem família e/ou precisa com frequência de espaço, mas não pode se dar ao luxo de ter um carro grande. O sistema ULT, que permite diferentes rearranjos nos bancos, faz com que ele possa transportar objetos altos, compridos ou volumosos.

Apesar de tecnicamente ser um hatch, o Fit guarda similaridades com uma minivan, principalmente na modularidade interna

A lista de itens de série na versão EXL, topo-de-linha, é um compromisso aceitável. Os seis airbags, além dos controles de tração e estabilidade dão uma segurança a mais, e a central multimídia tem o necessário para um uso prático no dia a dia, pareando celulares com Android Auto e Apple CarPlay, além de navegação embutida (na versão EXL) e câmera de ré com indicação gráfica (que, é verdade, poderia vir também com sensor de estacionamento integrado). Poderia ter alguns recursos a mais, mas cumpre o necessário do que se precisa dela. O ar-condicionado digital com tela sensível ao toque é um destaque do modelo, assim como o bom arranjo de som interno, que conta com um par de tweeters nessa versão.

Interior tem bom acabamento e espaço interno, além dos bancos de couro, presentes na versão EXL

O interior também recebeu algumas mudanças, mas manteve, no geral, o bom nível de acabamento comum aos Honda: estilo sóbrio, peças com encaixes precisos e bons arremates e montagem precisa. Algumas partes poderiam ter um plástico um pouco mais macio ao toque, mas nada que desabone o modelo.

A escolha é sua

Uma vez no banco do motorista, dá para perceber que a direção tem boa pegada e um ajuste bem balanceado entre leveza e precisão. Durante o teste, realizado nas ruas e avenidas de Aracaju, ficou nítido que a suspensão filtra bem ruídos (algo percebido ao passar nos trechos em recapeamento) e amorteceu bem as pancadas nos buracos que surgiram.

O motor 1.5 16v é outro caso claro da tal “idade da razão” citada acima. Numa era onde vários dos (teóricos) concorrentes do Fit já apelam para o downsizing (ou seja, motores de baixa cilindrada com turbo) com câmbio automático, o hatch mantém a configuração aspirada com câmbio CVT, que tem na economia de combustível um senhor trunfo. O desempenho no uso urbano dá conta do recado, e a (bem-vinda) adição das borboletas para troca de marcha no câmbio CVT dá uma vivacidade a mais. Precisa de respostas mais rápidas no acelerador e não gosta da “gritaria” quando se afunda o pé no CVT? Simples: jogue a alavanca no modo “S” e você terá um carro com operação manual no câmbio, possibilitando uma condução mais esportiva ou mais econômica. A escolha fica de acordo com a racionalidade do motorista. Nada mais justo para um carro que tem na razão um dos seus maiores trunfos.

Ficha Técnica

  • Motor: 1.5, quatro cilindros, aspirado, flex
  • Potência: 115 cv (gasolina) e 116 cv (etanol) a 6.000 rpm
  • Torque: 15,2 kgfm (gasolina) e 15,3 (etanol) a  4.800 rpm
  • Transmissão:  CVT, com emulação de sete marchas, tração dianeira
  • Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
  • Freios: Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira
  • Pneus: 185/55 R16
  • Dimensões: 4,09 m (comprimento) / 1,69 m (largura) / 1,53 m (altura), 2,53 m (entre-eixos)
  • Tanque : 46 litros
  • Porta-malas: 363 litros
  • Consumo: 12,3 km/l (cidade, gasolina) /14,1 km/l (estrada, gasolina) e 8,3 km/l (cidade, etanol)/9,9 km/l (estrada, etanol)
  • 0 a 100 km/h: 12 segundos
  • Vel. Max: 172 km/h

Opinião 

Você precisa de um carro que conjugue confiabilidade, baixo consumo e possibilidade de transportar muita coisa? Então o Fit é definitivamente o seu número. Ele pode não ter os motores turbinados ou alguns itens de concorrentes mais recentes, mas quando o assunto é racionalidade e praticidade, o “hatch-meio-minivan” da Honda é quase imbatível!

Pedro Ivo Faro

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