Gasolina E30, com 30% de etanol, é aprovada nos testes de validação técnica
O Instituto Mauá apresentou recentemente o resultado dos testes realizados com a gasolina E30, a qual possui um aumento de 30% na mistura de etanol no combustível. Segundo o instituto, foi constatado que não houve grandes alterações em comparação com a gasolina atual (E27), com percentual de 27,5%, e ficou comprovada a viabilidade técnica do novo combustível.
Com isso, a implementação do E30 pode começar em breve. A proposta de ampliação da mistura para 30% deverá ser encaminhada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda neste ano. Segundo o Governo Federal, com a mudança, existe a expectativa de redução do preço da gasolina em até 13 centavos.
Para os testes, o Instituto Mauá utilizou 16 modelos de veículos leves, ano 1994 a 2004, com motores entre 1.0 até 2.5, correspondendo às fases L2 a L8 do Proconve. Além dos carros a combustão, modelos híbridos também foram testados. Entre as motocicletas, foram usadas 13 modelos entre 100 e 600 cilindradas, produzidas entre 2004 e 2024 (fases M1 a M5 do Proconve).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a transição do E27 para o E30 evitará ainda a importação de 760 milhões de litros de gasolina por ano, impulsionando a produção nacional de biocombustíveis. Segundo o ministro Alexandre Silveira, isso representará um aumento de 1,5 bilhão de litros na demanda por etanol e um investimento estimado em R$ 9 bilhões no setor. “O E30 é seguro para nossa frota de duas e quatro rodas. Com ele, o Brasil deixará de ser refém do mercado internacional e da volatilidade dos preços externos. O preço da gasolina será determinado pela competitividade interna, e não pelo preço de paridade de importação”, destacou.
Os testes com o E30, segundo o Ministério, representam mais um avanço na implementação da lei do Combustível do Futuro (14.993/24), que estabelece diretrizes para a descarbonização e modernização da matriz energética brasileira. A legislação permite ampliar o limite de etanol na gasolina para até 35%, desde que comprovada a viabilidade técnica, reforçando o compromisso do país com a segurança energética e a sustentabilidade.
Conforme o Ministério, a adoção da nova mistura poderá reduzir em 1,7 milhão de toneladas a emissão de gases de efeito estufa por ano, o equivalente à retirada de 720 mil veículos das ruas anualmente. Os testes do IMT foram acompanhados por entidades do setor automotivo, como Anfavea, Sindipeças, Abraciclo e Abeifa.
Motos apresentam falhas: Abraciclo alerta para “pontos de atenção”
Apesar de o Instituto Mauá afirmar que ficou comprovada a viabilidade técnica da gasolina E30, em nota enviada à imprensa, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), entidade que representa o Setor de Duas Rodas no País, alertou para “pontos de atenção” na avaliação dos resultados e ensaios conduzidos pelo Instituto. “O tema continuará sendo acompanhado visando a segurança e o adequado funcionamento das motocicletas em circulação”, afirma a Abraciclo.
A Associação se refere ao fato de que nos estudos, algumas motos testadas com o novo combustível falharam durante a partida a frio. No entanto, o Instituto Mauá entende que as diferenças encontradas nos testes realizados não são empecilhos para a adoção do E30. “Por mais que tenha sido feita uma seleção criteriosa dos veículos ensaiados, observou-se que os veículos e motocicletas mais antigos possuem comportamentos relacionados ao
tempo de uso, quilometragem e tecnologias, e não ao combustível”, garantiu o Instituto em material publicado.
Confira resultados descritos pelo Instituto Mauá:
• Veículos
• Na amostra analisada, não foram observados diferenças no comportamento dos veículos que
sejam justificadas pela alteração de combustível e/ou afetará a percepção de dirigibilidade do
motorista;
• Não houve alteração relevante nos ensaios de emissões e consumo.
• Motocicletas
• Várias motocicletas apresentaram dificuldades na partida a frio com ambos os combustíveis, e três
apresentaram mais dificuldade na partida com E32;
• As motocicletas apresentaram um comportamento similar com ambos os combustíveis nos
ensaios de partida a quente, aceleração a quente, retomada e emissões.
• Entende-se que as diferenças encontradas nos testes realizados não são empecilhos para
a adoção do E30.