Lendário motociclista passa por Sergipe em viagem pelo Brasil
João Gonçalves Filho, o Gau, tornou-se referência e inspiração para os entusiastas por motos em 1976, quando rodou 23.285 km das estradas brasileiras com sua Harley-Davidson e sagrou-se o primeiro motociclista a percorrer a Transamazônica. Foi a partir dessa viagem histórica, há 45 anos, que ele passou a ser considerado uma lenda do motociclismo brasileiro.
“Eu estava com uma moto de 1.200 cc, que só tinha 125 no Brasil. Hoje, vendo o passado (as imagens), vejo que parecia um extraterrestre andando pelas estradas, com aquela moto gigante”, relembra Gau a viagem icônica, que lhe rendeu menção no Guinness Book e fama pelo Brasil e mundo afora até hoje. “Terminei a viagem com um pneu de jipe na dianteira e hoje essa foto faz parte da página de Facebook do maior grupo de Harley do mundo, de Nova York”.
Depois dessa viagem pelos complicados percursos da Transamazônica, não parou mais. Gau continuou fazendo jus à fama de motociclista lendário. Com diferentes motocicletas ao longo dessas mais de quatro décadas, o catarinense já viajou por mais de 45 países e por todo o Brasil em outras oportunidades. Ele recorda um dos trajetos mais marcantes. “Em 2002, fui ao Alasca de moto. Saí do Ushuaia, cidade mais meridional do mundo, no Polo Sul, e fui até o Polo Norte, no Alasca. Foram seis meses e 14 dias viajando”, detalha.
Hoje, aos 74 anos, e com o espírito desbravador de sempre, João Gonçalves está em mais uma de suas viagens pelo Brasil. Ele conta que começou a nova aventura a bordo de sua Honda 500 X no mês de maio. Nesse período, já percorreu mais de 26 mil km e revisitou quase todos os Estado do país (faltam apenas cinco).
Chegou a Sergipe há três dias. Nessa terça, 21, esteve em Aracaju, onde reviu amigos, visitou alguns locais e se encantou com o mar. “Muito lindo”, diz. Nesta quarta, 22, Gau conta que seguirá para Mangue Seco (BA). Em seguida, vai a Cruz das Almas (BA), Itacaré (BA) e descerá para Minas Gerais.
“Depois, volto pra ver um pouco da Bahia e do sertão sergipano, que não conheci ainda. Tenho até dezembro para chegar em casa, mais dois meses de viagem”, comenta o motociclista de 74 anos. De forma bem-humorada, João Gonçalves revela ainda que planeja pegar a estrada até os 80 anos.
Diante de todo o legado que construiu em suas viagens sobre duas rodas, ele aponta quais são as principais motivações para seguir com esse estilo de vida por tanto tempo e fazer percursos longos. “Conhecer gente, dar risada, conhecer a cultura de cada lugar, as iguarias. E o melhor de tudo são as amizades que se faz pelos lugares, amizades que ficam para o resto da vida”, ressalta.
Foto 1: Arquivo pessoal (praia em fronteira entre SE e AL)
Matéria: Guilherme Prata