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Sergipe é o estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao álcool

Sergipe é o estado com maior taxa de óbitos atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes no Brasil (44,2 mortes/100 mil) – acima do índice nacional de 34 óbitos/100 mil, seguido por Pernambuco (41,7 mortes/100 mil), Espírito Santo (41,5 mortes/100 mil) e Tocantis (40,9 mortes/100 mil).

Os óbitos relacionados ao álcool representaram 7,3% do total de mortes do estado, em 2017, também acima do índice nacional (5,35%). As principais causas foram: violência interpessoal (22,9%), transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool (19,4%), cirrose hepática (16%) e acidente de trânsito (13,6%). Em 2017, em Sergipe, a população acima de 55 anos liderou esse tipo de óbito (39%). Essa análise é feita com base nos dados mais recentes disponíveis no Datasus (Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil).


Entre 2010 e 2018 houve no país uma diminuição na taxa de internações atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes, de 172,9 para 168,2. Com a população de bebedores brasileiros em torno de 40% (abaixo da taxa mundial de 43% e também das Américas, de 54%), a preocupação se dá especialmente pelo uso nocivo da substância entre mulheres e idosos; e entre jovens, o Beber Pesado Episódico (BPE*).

O fato de elas estarem se aproximando dos homens em termos de padrão de consumo de bebidas alcoólicas já impactou a saúde das brasileiras, embora os homens ainda sejam os mais afetados pelo uso nocivo. É o que mostra a publicação “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2020”, elaborada pelo CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool e que apresenta os dados nacionais mais recentes sobre o tema, segmentados por sexo, faixa etária e estados.

As internações atribuíveis ao álcool aumentaram 19,5% entre as mulheres, entre 2010 e 2018, passando de 85.311 casos para 101.902. O número desse tipo de internação cresceu 4,1% na população em geral e diminuiu 1,2% entre os homens, no mesmo período. A ampliação também foi observada nos óbitos femininos relacionados ao uso da substância – cerca de 15% maior quando comparado 2010 a 2017 (de 13.813 mortes para 15.876), enquanto na população em geral cresceu 6,1% e, entre homens, 3,7%. Entretanto, a proporção de óbitos atribuíveis ao álcool em relação ao total teve pouca variação, com tendência a queda, de 5,83% em 2010 para 5,35% em 2017.

“Temos observado um aumento no uso de álcool entre as mulheres não só em relação à quantidade, mas também à frequência. Mas, agora, a partir dessas constatações, identificamos que as consequências já estão afetando a saúde das brasileiras de maneira importante. É um ponto de alerta para as políticas públicas voltadas para as mulheres. Elas são mais vulneráveis aos efeitos do álcool por razões fisiológicas e, por isso, é recomendado mais atenção ao consumo de bebidas”, destaca Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do CISA.

O consumo abusivo de álcool entre as brasileiras chama a atenção. Uma análise exclusiva do CISA, a partir dos dados do Ministério da Saúde (Vigitel), aponta que, entre 2010 e 2018, houve um aumento neste padrão de uso de 14,9% para 18% na faixa etária de 18 a 24 anos, e de 10,9% para 14% entre 35 e 44 anos.

Outra parcela da população que preocupa é a de idosos. A faixa etária de 55 anos ou mais compõe, a cada ano, maior parcela do total de internações atribuíveis ao álcool (passando de 26% para 33%, entre 2010 e 2018). Eles também são a maioria nos casos de óbitos por uso de álcool, representando 48% dessas mortes, índice 7% superior quando comparado a 2010.

O estudo ainda traz uma análise inédita sobre o status da pesquisa científica em relação à temática de consumo de álcool no Brasil e saúde: foram analisados artigos publicados por pesquisadores de 1990 até 2018. A pesquisa brasileira nessa área cresceu muito, mas ainda há carência de estudos sobre efetividade de políticas públicas e prevenção do uso nocivo de álcool em nosso país.

Outros destaques da publicação:

Entre 2010 e 2018, as internações atribuíveis ao álcool cresceram 4,1%, enquanto as internações gerais por todas as causas no Brasil aumentaram em 2,3%. O Brasil registrou 40 internações por uso de álcool por hora, em 2018.
Em 2018, as principais causas das internações relacionadas ao uso de álcool foram: acidente de trânsito (19,7%), outras lesões não-intencionais (15,4%), transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool (14,5%) e queda (12,9%).
Estados com maiores taxas de internação relacionadas ao álcool por 100 mil habitantes, em 2018, são: Paraná (291,3 internações/100 mil), Roraima (249,7 internações/100 mil), Piauí (247,4 internações/100 mil), Santa Catarina (213,7 internações/100 mil) e Rio Grande do Sul (205,2 internações/100 mil).

A proporção de óbitos atribuíveis ao álcool em relação ao total de óbitos apresentou discreta redução (cerca de 10%), de 5,83% em 2010 para 5,35% em 2017. O número total de mortes, por todas as causas, aumentou 15,5% neste período (de 1.136.947 para 1.312.664), enquanto o de mortes atribuíveis ao álcool aumentou 6% (de 66.255 para 70.263). No entanto, a cada hora, 8 brasileiros ainda morrem em decorrência do uso de álcool. Em 2017, as principais causas dos óbitos relacionados ao álcool foram: cirrose hepática (15,9%), violência interpessoal (15,7%), acidente de trânsito (15,2%) e transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool (9%).


Estados com maiores taxas de óbitos por uso de álcool por 100 mil habitantes, em 2017, são: Sergipe (44,2 mortes/100 mil), Pernambuco (41,7 mortes/100 mil), Espírito Santo (41,5 mortes/100 mil) e Tocantis (40,9 mortes/100 mil).

*BPE: Padrão de uso nocivo que equivale ao consumo de 60 g ou mais (cerca de 4 doses ou mais) de álcool puro em uma única ocasião ao menos uma vez no último mês. Uma (1) dose corresponde a cerca de 14 g de álcool puro, o equivalente a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado (vodca, uísque, cachaça, gin, rum).

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